Política

Entenda a situação que levou o governo a decretar emergência de saúde no território Yanomami

Na última sexta-feira (20), o Ministério da Saúde decretou emergência de saúde pública nas terras do povo Yanomami, em Roraima, diante do cenário de desassistência sanitária dos povos que vivem no território. No sábado (21), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) esteve no local para reafirmar o compromisso do governo.

Entenda abaixo a situação dos Yanomami:

Onde fica o território Yanomami?

O território indígena Yanomami fica localizado entre os Estados de Roraima e Amazonas, área com mais de 30,4 mil habitantes. Segundo o Instituto Socioambiental (ISA), a terra indígena Yanomami é habitada por oito povos e compreende uma área de 9,6 milhões de hectares (o equivalente a 13,8 mil campos de futebol).

O que está acontecendo com o povo Yanomami?

Após receber relatos de desnutrição e de mortes de crianças no local, o ministério da Saúde enviou uma equipe para averiguar a situação na última segunda (16). Segundo a pasta, o grupo se deparou com crianças e idosos em estado grave de saúde, com desnutrição grave, além de muitos casos de malária, infecção respiratória aguda (IRA) e outros agravos.

O Ministério dos Povos Indígenas divulgou, na sexta-feira, que 99 crianças, entre um a 4 anos morreram, na maioria, por desnutrição, pneumonia e diarreia. Os dados são referentes a 2022. Além disso, foram confirmados 11.530 casos de malária. As faixas etárias mais afetadas estão entre os maiores de 50 anos, seguidas pela faixas de 18 a 49 anos e de 5 a 11 anos.

A pasta estima que ao menos 570 crianças foram mortas pela contaminação por mercúrio, desnutrição e fome nos últimos quatro anos.

Neste domingo (22), a associação Urihi divulgou uma nota informando a morte de uma mulher indígena acometida por grave quadro de desnutrição. A imagem da indígena sendo pesada em uma balança por uma técnica que prestava seu atendimento viralizou nas redes sociais.

Quais problemas existem no território Yanomami?

O território dos Yanomami tem sido alvo de garimpo ilegal, o que, segundo as autoridades locais, dificulta as ações de saúde pública na região. Além disso, a população local vem sendo exposta aos resíduos deixados pela atuação criminosa, principalmente a contaminação por mercúrio.

A presença dos garimpeiros ilegais também levou transmissão de doenças ao povo que vivia isolado geograficamente, principalmente a covid-19. Uma pesquisa da Universidade Federal de Minas Gerais em parceria com o Instituto Socioambiental (ISA), revisada pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), aponta que os garimpeiros são os principais vetores de contaminação do coronavírus. Segundo o estudo “O Impacto da Pandemia em Terra Indígena Yanomami”, publicado em 2020, quase 40% dos Yanomamis podem ser infectados pelos garimpeiros ilegais.

O que o governo vai fazer?

O Ministério da Saúde instalou nessa sexta-feira (20) uma Sala de Situação para tratar da grave crise sanitária. A ministra da Saúde, Nisia Trindade, destacou o dramático quadro de desnutrição constatado pelos profissionais de saúde enviados aos territórios indígenas, e anunciou o envio imediato de cestas básicas, insumos e medicamentos.

A equipe enviada pelo governo ao local tem cerca de 15 dias para apresentar um levantamento completo sobre a crítica situação de saúde em que os indígenas se encontram. Técnicos estão analisando os atendimentos prestados e insumos disponíveis.

No sábado, Lula visitou o local acompanhado de ministros, incluindo a ministra da Saúde, Nísia Trindade. Ele criticou o que chamou de “descaso” e “abandono” do governo anterior em relação à área e disse que viu no local um “genocídio”. O presidente prometeu que seu governo dará fim ao garimpo ilegal e disse que estruturas permanentes de saúde serão instaladas na terra indígena.

O Ministério da Saúde informou neste domingo (22) que estuda acelerar a publicação de um edital do Programa Mais Médicos para recrutar profissionais, tanto formados no Brasil quanto no Exterior, para atuação em território Yanomami.

O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, informou vai determinar abertura de inquérito policial para apurar o crime de genocídio e crimes ambientais na região. A Polícia Federal ficará responsável, a partir de segunda-feira (23), pela investigação determinada pela pasta para apurar as responsabilidades e punir os culpados.

Fonte: GHZ


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