Política

Depoimentos reforçam papel de aliado de Boulos em viação ligada ao PCC

Novos depoimentos colhidos pelo Departamento de Homicídios (DHPP) da Polícia Civil paulista reforçam a “ingerência” do vereador Senival Moura (PT) sobre a Transunião, empresa de ônibus que opera linhas na zona leste de São Paulo investigada por suposto elo com o Primeiro Comando da Capital (PCC).

O parlamentar petista (de camisa azul ao lado de Boulos na foto em destaque) é investigado por suposto envolvimento no assassinato de um ex-diretor da empresa que seria, segundo investigadores, seu testa de ferro no comando da companhia.

Candidato à reeleição a uma cadeira na Câmara Municipal paulistana, o vereador é apoiador assíduo da campanha do deputado Guilherme Boulos (PSol) à Prefeitura da capital e tem sido um de seus cabos eleitorais em bairros da zona leste paulistana.Play Video

Em sabatinas, debates e comícios de rua, Boulos tem prometido “passar a limpo” contratos de ônibus da cidade em razão da infiltração do PCC nas empresas – o psolista tem utilizado as investigações da polícia e do Ministério Público (MPSP) sobre os contratos para atacar o prefeito Ricardo Nunes (MDB).

“O dinheiro público da prefeitura, nosso dinheiro, está indo para lavar dinheiro para o crime via empresa de ônibus”, disse Boulos há 10 dias, em entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura, referindo-se à investigação envolvendo outra empresa de ônibus, a Transwolff, que é ligada ao presidente da Câmara Municipal, Milton Leite (União), e acusada de lavagem de dinheiro para o PCC.

Questionado sobre possível envolvimento de aliados políticos no esquema, Boulos disse que “não há”. “Hoje quem está denunciado são pessoas ligadas ao atual prefeito”, completou.

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Depoimentos tomados em março de 2024 e obtidos pelo Metrópoles reforçam a “ingerência” de Senival sobre a empresa de ônibus, mesmo em um período no qual ele não fazia parte de seus quadros. Trocas de e-mails internos apreendidos pela Polícia Civil também contêm menções ao vereador e até mesmo a seus “carros”.

À reportagem a campanha de Boulos declarou que não tem conhecimento dos “desdobramentos das investigações em curso” e disse que o vereador não exerce função na campanha. O Metrópoles procurou Senival, mas não obteve resposta. O espaço segue aberto para manifestação.

Traição e assassinato

Os documentos fazem parte da investigação da morte de Adauto Soares Jorge, executado a tiros em março de 2020, em um estabelecimento comercial no distrito de Lajeado, no extremo leste de São Paulo. Ele era diretor estatutário da Transunião. As suspeitas sobre Senival chegaram à polícia após o depoimento de uma testemunha protegida.

O colaborador contou que, desde os anos 1970, Senival tinha envolvimento com o transporte clandestino e que, a partir de sua entrada na política, passou a arrecadar verbas de campanha com o crime organizado. Segundo a testemunha, o vereador usava “laranjas” para comandar a cooperativa de ônibus, e Adauto seria um deles.

A testemunha afirma que, em 2020, o PCC passou a dominar os quadros da Transunião, e Adauto teria desagradado a facção por privilegiar pagamentos a antigos perueiros irregulares e financiar a campanha de Senival com o caixa da empresa. Isso fez o crime organizado jurar o vereador e seu então braço direito de morte.

Os novos depoimentos não implicam Senival no assassinato, mas reforçam seu elo com a Transunião à época em que ele não fazia parte de seus quadros formalmente. Para os investigadores, os testemunhos mostram que o vereador tinha influência sobre a gestão da empresa por meio de terceiros.

“Ingerência”

Uma das testemunhas foi Reinaldo Knot Rola, que esteve nos quadros da Transunião até 2021, um ano depois do assassinato de Adauto. Ele relatou que possuía cinco ônibus ligados à empresa e disse que Adauto exercia a “função” do presidente da Transunião. Após a morte de Adauto, afirmou ele à polícia, essa tarefa passou para Lourival de França Monário, que é investigado por ser uma espécie de preposto do PCC no comando da empresa.

Questionado sobre a influência do vereador na Transunião, Reinaldo Rola afirmou que, “desde os tempos da cooperativa, Senival Moura exercia ingerência na cooperativa e continuou com tal ingerência, mesmo após a transformação em empresa, pelo menos até pouco antes da morte de Adauto, quando houve a troca de comando da empresa”.

Outro depoimento colhido pelo DHPP é de Adriano Guimarães da Costa, que tem três ônibus “trabalhando para a Transunião”. Ele disse acreditar que Senival exercia a atividade de “presidente” da empresa e que Adauto era seu braço financeiro. Afirmou não saber nada relevante sobre a morte do ex-diretor. Também questionado sobre a influência do vereador petista, pontuou que “desde os tempos de cooperativa Senival Moura exercia ingerência na cooperativa e continuou com tal ingerência mesmo após a transformação em empresa”, que ocorreu em 2015.

Metrópoles


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