As Polícias Científica e Civil divulgaram nesta sexta-feira, 18, o resultado do exame de toxicologia realizado no Laboratório Forense do Instituto de Criminalística sobre o caso da professora Joyce dos Santos Silva Cirino, de 36 anos. O laudo revelou a presença de duas substâncias químicas tóxicas nas amostras biológicas analisadas.
De acordo com Thalmanny Goulart, chefe do Laboratório Forense, as amostras de sangue, humor vítreo e conteúdo estomacal da vítima foram analisadas por cromatografia gasosa acoplada à espectrometria de massas, técnica que identificou as substâncias.
Uma das substâncias encontradas, sulfotep, é um fosfato orgânico altamente tóxico que inibe a colinesterase, enquanto a segunda substância, terbufós, também é da classe dos organofosforados, com efeito semelhante na inibição dessa enzima essencial para a transmissão de impulsos nervosos.
“O uso de produtos como o terbufós e o sulfotep, que são proibidos pelo Ministério da Agricultura, deve ser rigorosamente fiscalizado, uma vez que essas substâncias são extremamente perigosas e já provocaram três mortes neste ano e seis no ano passado”, alertou Goulart.
O perito criminal Paulo Henrique Grepino analisou alimentos encontrados na casa da vítima, incluindo um shake no liquidificador. O exame não detectou veneno nesses itens, o que ajudou a direcionar as investigações.
A perita-geral Rosana Coutinho destacou a cooperação entre as Polícias Científica e Civil, apontando que o trabalho técnico fornece provas fundamentais para o andamento do inquérito e para a justiça ser feita.
O delegado Rômulo Andrade, responsável pelo inquérito, informou que o laudo toxicológico comprovou que Joyce foi assassinada por envenenamento, descartando a hipótese de suicídio. A investigação apontou para um possível crime de feminicídio, com indícios de que a professora estava em um relacionamento abusivo.
Segundo o delegado, a vítima chegou a enviar áudios antes de morrer, expressando sua desconfiança de que estava sendo envenenada, mencionando o ex-marido, de quem estava se separando, como o principal suspeito. Testemunhas, incluindo familiares, confirmaram que a professora sofria abusos verbais e físicos.
O chefe do Instituto de Criminalística, Charles Mariano, confirmou que novas perícias serão realizadas, incluindo a análise do celular da vítima, a fim de aprofundar as investigações.