Quem possui formação técnica está vivendo um bom momento para se recolocar no mercado de trabalho, de acordo com um levantamento realizado pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). Com os menores índices de desemprego da série histórica do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), há uma escassez de mais de 35% de mão de obra qualificada nos postos de trabalho abertos, comparado às 203 profissões mais representativas do mercado formal. Isso tem levado as empresas a aumentarem os salários iniciais para atrair novos trabalhadores, conforme revela o estudo.
O levantamento, que abrange dados dos 12 meses encerrados em outubro de 2024, mostra que o setor de serviços registrou as maiores altas nos salários de contratação. O aumento salarial para o cargo de técnico em secretariado foi de 17,3%, enquanto para o cargo de professor de educação infantil (crianças de 4 a 6 anos), o aumento foi de 14,6%.
O estudo também destaca outras profissões que tiveram aumentos significativos nos salários iniciais, como técnico de enfermagem (10,6%), técnico de vendas (9,5%), professor de nível superior na educação infantil (0 a 3 anos) com 9,2% de aumento, fisioterapeuta geral (8,6%), zelador de edifício (8,3%) e auxiliar de pessoal (8,3%). Abaixo, confira o ranking das profissões com falta de mão de obra qualificada e os maiores percentuais de reajuste salarial em 2024.
De acordo com dados do IBGE, o terceiro trimestre de 2024 registrou uma participação de 62,4% da força de trabalho em relação à população total do país, ligeiramente abaixo dos 63,6% registrados no período pré-pandemia. Essa diferença de 1,2% representa cerca de 3 milhões de pessoas a menos em busca de emprego.
— Com o mercado de trabalho atingindo um nível de desemprego histórico, de 6,4%, esse impacto já era esperado. A taxa de crescimento da economia superou as expectativas na primeira metade do ano, e o crescimento do PIB tem contribuído para esse fenômeno, além de outros fatores, como a diminuição da população na força de trabalho — afirma José Roberto Tadros, presidente do Sistema CNC-Sesc-Senac.
Segundo Fábio Bentes, economista da CNC responsável pelo estudo, a escassez de profissionais tem sido mais notada em períodos de maior crescimento econômico, especialmente após 2020, quando o mercado de trabalho começou a se expandir. Em contrapartida, durante períodos de retração econômica, o cenário tende a se inverter.
— O aumento salarial inicial das categorias é uma consequência direta da disputa entre as empresas por mão de obra qualificada — explica Bentes.