Os romances que se desenrolam em cidades pequenas, com vizinhos curiosos e eventos pitorescos, estão conquistando cada vez mais espaço no mercado editorial. Conheça o Small Town Romance e descubra por que esse tipo de história tem feito tanto sucesso.
Imagine uma protagonista em plena transformação de vida, um romance de tirar o fôlego, vizinhos excêntricos e fofoqueiros, festivais de abóbora — ou quem sabe de tomate — tudo isso em uma cidadezinha encantadora, com poucos milhares de habitantes. Essas são as principais características do Small Town Romance, um subgênero do romance contemporâneo que vem se destacando nas livrarias brasileiras.
O termo em inglês significa “romance de cidade pequena”. Trata-se de histórias de amor ambientadas no presente, mas com um diferencial: o cenário tem um papel central na narrativa. Em vez de ser apenas um pano de fundo, a cidadezinha em si é quase um personagem, com toda a sua atmosfera de proximidade, segredos e acolhimento.
A professora de inglês e criadora de conteúdo Izabela Lopes, de 31 anos, é uma das entusiastas desse estilo. Moradora de Caxambu, uma cidade mineira com cerca de 21 mil habitantes, ela se identifica com o clima de aconchego dessas histórias — apesar de a cidade real não ter os mesmos festivais e vizinhos fofoqueiros típicos da literatura americana.
“Eu gosto muito dessa coisa de recomeçar em uma cidade pequena, de se reencontrar”, conta Izabela. “Eu vivo pelo brega, e acho que a cidade pequena entrega o brega com qualidade”, brinca.
A ideia de recomeço está presente em muitas dessas obras. Em Parte Do Seu Mundo, de Abby Jimenez, por exemplo, uma médica de emergência repensa sua vida após conhecer um carpinteiro dez anos mais jovem em uma cidadezinha cheia de realismo mágico.
Já em Sem Defeitos, primeiro volume da série Chestnut Springs, de Elsie Silver, o cenário rural onde todos se conhecem cria as tensões que movem a trama. O protagonista, um atleta de rodeio em touros, precisa melhorar sua imagem e acaba contando com a ajuda — e depois o amor — da filha de seu agente.
Ambos os livros foram lançados no Brasil pela editora Arqueiro. Frini Georgakopoulos, editora de aquisições do selo, explica que o Small Town Romance sempre existiu, mas era muito associado à cultura americana.
“O mercado editorial brasileiro não tinha certeza se funcionaria aqui”, conta Frini. “Mas essa estética já fazia parte do imaginário do brasileiro por causa de filmes e séries dos Estados Unidos. Nos últimos tempos, esses livros têm funcionado muito bem internacionalmente, porque a cidade pequena deixa de ser só o cenário e vira parte essencial da história.”