Localizada no extremo norte do Alasca, a cidade de Utqiagvik — anteriormente chamada Barrow — está vivenciando um fenômeno peculiar: meses de completa escuridão. Esse período, conhecido como “noite polar”, ocorre todos os anos devido à posição geográfica única da cidade.
Utqiagvik está situada a 71,17 graus de latitude norte, mais de 500 km acima do Círculo Polar Ártico. Essa localização extrema faz com que o Sol permaneça abaixo do horizonte por cerca de dois meses. Neste ano, a escuridão começou em 18 de novembro e só terminará em 22 de janeiro de 2025, quando o Sol reaparecerá brevemente, às 13h15 (horário local), iluminando o céu por apenas 48 minutos. A partir daí, os dias começarão a se alongar gradualmente. Durante esse período, o céu pode exibir tons de azul ou violeta, criando um cenário único e misterioso.
Clima severo e condições extremas
A “noite eterna” de Utqiagvik é acompanhada por um clima rigoroso. Com temperaturas que variam entre -28 °C e 9 °C ao longo do ano, cerca de um quarto dos dias registra temperaturas negativas. O ambiente favorece a formação do vórtice polar estratosférico, um redemoinho de ar frio sobre o Polo Norte que influencia o clima global.
Além disso, Utqiagvik é conhecida como uma das cidades mais nubladas do mundo. Metade do ano, o céu é encoberto por nuvens que vêm do Oceano Ártico, reforçando a sensação de isolamento e melancolia. Para mitigar os impactos sociais do ambiente opressor, a cidade mantém uma lei seca, proibindo a venda de bebidas alcoólicas. Apenas a importação para consumo doméstico é permitida.
Vida em Utqiagvik
Antes de ser renomeada em 2018, a cidade era chamada Barrow, em homenagem ao explorador britânico Sir John Barrow. Hoje, Utqiagvik é uma comunidade que depende de recursos naturais para sobreviver. A pesca é a principal atividade econômica, complementada pela caça de baleias, focas, ursos polares, morsas e aves aquáticas, práticas essenciais para a subsistência dos moradores.
Apesar das condições adversas, Utqiagvik é um símbolo de resiliência. Seus habitantes enfrentam os desafios do isolamento, do frio extremo e da ausência de luz solar com engenhosidade e tradição, preservando a rica cultura indígena inuíte que molda a identidade da região.