Com o reconhecimento da Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA), Alagoas celebra um marco histórico para o setor agropecuário: o estado agora é oficialmente uma zona livre de febre aftosa sem vacinação. A certificação amplia as possibilidades comerciais da pecuária alagoana, que poderá alcançar mercados na África e na Ásia.
O novo status sanitário representa uma conquista esperada há décadas pelos produtores locais. Com um rebanho de mais de 1,3 milhão de animais, Alagoas se destaca na criação de gado de corte e leite, incluindo exemplares de alta genética. Até então, o estado só realizava transações dentro do território nacional, mas com a certificação, ganha fôlego para negociar internacionalmente.
“É um passo significativo. Com essa conquista, o Brasil inteiro avança, e o Nordeste, em especial Alagoas, passa a integrar o radar de novos mercados. Não estaríamos inseridos nesse processo sem o status de livre de aftosa sem vacinação”, afirmou o presidente da Associação dos Criadores de Alagoas (ACA), Domício Silva, que também lidera a Associação Brasileira dos Criadores de Girolando (ABCG) e é superintendente do Sebrae-AL.
Segundo Silva, a expectativa é ampliar a venda de animais vivos, especialmente para países africanos e asiáticos, onde há condições geográficas e climáticas similares. “Esses mercados estão se abrindo, e temos potencial para atender essa demanda com qualidade genética.”
Ele destacou ainda que, somente no primeiro trimestre do ano, o Brasil bateu recorde na exportação de animais vivos — cenário promissor também para o Nordeste. “Na última Expoagro, realizamos uma ação internacional de promoção da nossa genética, e países africanos demonstraram interesse nos animais alagoanos”, reforçou.
Unidade e esforço coletivo
Para o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Alagoas (Faeal), Álvaro Almeida, a certificação é fruto de um trabalho iniciado ainda em 2006, com a criação da Agência de Defesa e Inspeção Agropecuária de Alagoas (Adeal).
“Essa conquista valoriza o pecuarista alagoano, fortalece a autoestima do setor e impulsiona a genética local. Foi um esforço coletivo, que envolveu a Adeal, o Ministério da Agricultura e, principalmente, os produtores que se uniram em torno desse objetivo”, destacou Almeida.
Reconhecimento internacional em Paris
A oficialização da certificação ocorreu durante a 92ª Sessão Geral da Assembleia Mundial da OMSA, realizada em Paris, no dia 29. Alagoas foi representado pelo presidente da Adeal, Marco Albuquerque, e pela auditora fiscal federal do Ministério da Agricultura, Sonia Lages. Também integraram a comitiva alagoana o presidente da ACA, Domício Silva, e o presidente do Sindileite, André Ramalho.
Para o governador Paulo Dantas, a certificação marca uma virada de chave para o agronegócio no estado. “Essa conquista é resultado de um trabalho sério e consistente do Governo de Alagoas, da Adeal, de nossos técnicos e produtores, que se dedicaram à vacinação e ao controle sanitário. Agora, entramos em uma nova fase, com mais oportunidades, sem a exigência da vacinação como condição para o comércio”, destacou o governador.
