A morte do menino Crislan Ferreira dos Santos, de 3 anos, abalou a cidade de Cajueiro, em Alagoas. O pequeno morreu após sofrer queimaduras em 98% do corpo devido a um incêndio que atingiu a casa onde ele estava, na madrugada do último domingo (2). Na hora do fogo, Crislan dormia com seus três primos, de 6, 7 e 9 anos. Segundo a conselheira tutelar que acompanha o caso, não havia nenhum adulto presente na residência.
Apesar de ter sido socorrido, Crislan não resistiu aos ferimentos e faleceu na segunda-feira (3). Os primos conseguiram escapar das chamas.
O incêndio e os esforços para socorro
O fogo começou por volta das 2h da madrugada de domingo. Moradores da vizinhança conseguiram controlar as chamas com baldes de água. A causa do incêndio ainda não foi divulgada.
Crislan foi encontrado com 98% do corpo queimado. Uma vizinha, desesperada, não aguardou a chegada do socorro e levou o menino, de moto, até uma unidade de saúde local. Durante o atendimento, Crislan reclamou de intensas dores. Ele foi transferido para o Hospital Geral do Estado (HGE) em estado grave, mas infelizmente não sobreviveu.
A secretária de saúde de Cajueiro, Aparecida Nascimento, relatou que a equipe médica trabalhou intensamente no hospital para estabilizar Crislan. “A partir do momento da hidratação, ele começou a sentir muitas dores. Acionamos o Samu e ele foi entubado para o HGE, onde não resistiu”, contou.
Crianças sozinhas em casa
O Conselho Tutelar revelou que as crianças estavam sozinhas na casa no momento do incêndio. A mãe de Crislan deu versões contraditórias sobre a ausência de adultos durante a noite do fogo. Em um momento, ela afirmou que teria ido a uma festa de Carnaval, deixando as crianças sob a responsabilidade da avó. Porém, a avó negou ter autorizado essa saída, gerando confusão nas declarações.
Em outra versão, a mãe de Crislan admitiu que saiu, mas que retornava periodicamente para verificar as crianças. Em razão disso, a mãe, a avó e a irmã da mãe (responsável pelos primos) receberam uma medida de advertência do Conselho Tutelar.
Além disso, o Conselho Tutelar solicitou que a Justiça tome medidas urgentes e, caso seja identificado algum culpado, que ele seja responsabilizado. “É claro que se houvesse um adulto na casa, o incêndio poderia ter sido evitado. As outras crianças conseguiram fugir por serem mais velhas”, disse a conselheira tutelar Gilmara dos Santos.
Histórico de negligência e apoio à família
A família de Crislan já estava sob acompanhamento do Conselho Tutelar devido a denúncias anteriores de negligência. “A gente acompanha essa família por causa de outras situações de vulnerabilidade, como crianças pedindo ajuda na rua. Sempre houve algo que chamou a atenção, uma tragédia anunciada”, afirmou a conselheira.
Além da dor pela perda do menino, a família também perdeu sua casa e seus bens no incêndio. Atualmente, eles estão vivendo na residência de vizinhos. Para ajudar a família, a Secretaria de Assistência Social de Cajueiro iniciou uma campanha de arrecadação. “Estamos fornecendo cestas básicas e buscando aluguel social para a família. Também estamos fazendo uma campanha de agasalhos, já que eles perderam tudo”, explicou Nayara Ferro, secretária de Assistência Social.
Quem desejar contribuir pode fazer doações de roupas, lençóis e outros itens, e procurar o Conselho Tutelar nos horários de 8h às 12h e das 14h às 16h.