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Médico diz que diretores do maior hospital da Faixa de Gaza foram detidos por Israel

Diretores, médicos e enfermeiros do hospital Al-Shifa, o maior de Gaza, foram detidos por militares de Israel que ocupam e vasculham o local em busca de indícios de atividades terroristas, disse nesta quinta-feira (23) Khaled Abu Samra, funcionário da unidade.

Segundo Samra, entre os detidos está Mohamed Abu Salmiya, diretor do complexo hospitalar. Outros diretores, um médico e dois enfermeiros também teriam sido levados pelos militares. Não há informações sobre o paradeiro deles.

Localizado na Cidade de Gaza, a maior da faixa homônima, o Shifa se tornou um dos principais focos da operação terrestre de Israel em Gaza nos últimos dias. O Exército israelense acusa o Hamas de esconder um centro de operações em túneis abaixo do complexo, e soldados inspecionam o local há vários dias.

Antes de ser detido, Abu Salmiya disse à agência de notícias AFP ter recebido uma ordem do Exército para que o hospital fosse esvaziado. O complexo chegou a abrigar milhares de pessoas durante a guerra, entre pacientes, profissionais da saúde e outros civis que se refugiaram no local.

Na terça (21), o ministro da Saúde israelense, Uriel Busso, acusou as autoridades da OMS (Organização Mundial da Saúde) de ignorarem o que chamou de atividades terroristas no Shifa. A organização nega.

Tropas israelenses invadiram o Shifa no último dia 14, numa ação que motivou novas críticas à ofensiva em Gaza. Desde o início da guerra, vários líderes mundiais e representantes de organizações denunciam a morte de civis e questionam a proporcionalidade dos ataques de Israel –em um mês e meio, mais de 14,5 mil pessoas foram mortas no território palestino, segundo o Ministério da Saúde local, controlado pelo Hamas.

Sob pressão, as autoridades israelenses aumentaram esforços para mostrar à comunidade internacional que os terroristas do Hamas usam a infraestrutura civil em Gaza como escudo na guerra.

Um desses indícios apresentados por Tel Aviv seria de que uma soldado israelense sequestrada pelo Hamas, Noa Marciano, 19, foi morta por terroristas dentro do Shifa, não em decorrência de um bombardeio israelense como o grupo palestino havia insinuado em um vídeo. Segundo as IDF, uma perícia mostrou que as feridas no corpo da militar em decorrência de ataque aéreo não eram letais.

Outro teria sido a descoberta de um túnel de 55 metros de comprimento e 10 metros de altura localizado embaixo do Shifa. As IDF divulgaram um vídeo que mostra a suposta entrada para o canal e um corredor estreito com o teto em forma de arco que terminaria, segundo Israel, em uma porta à prova de fogo.

Ainda de acordo com os militares, a passagem subterrânea foi descoberta a partir de uma outra entrada, no chão de um galpão em que os combatentes armazenavam munições dentro do complexo de Shifa.

O diretor do Ministério da Saúde de Gaza, Mounir el-Barsh, afirmou que as afirmações das IDF sobre o túnel eram “mentira pura”. “Eles estão no hospital há oito dias e até agora não encontraram nada”, afirmou ele em entrevista à rede qatari Al Jazeera.

FOLHAPRESS


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