CASO BRASKEM

Senador Renan Calheiros rebate fala de conselheiro da Braskem

O desastre provocado pela Braskem em cinco bairros de Maceió – Pinheiro, Mutange, Bebedouro, Bom Parto e Farol –, é considerado o maior do mundo ocorrido em área urbana. São mais de 200 mil pessoas afetadas. E apesar dos números absurdos, para João Pinheiro Nogueira Batista, membro do Conselho de Administração da Braskem, “a dita tragédia de Maceió, em termos de vidas perdidas, não existiu. Graças a Deus não morreu ninguém”.

A declaração do membro da Braskem foi publicada na última sexta-feira (26), na rede social Linkedin. O executivo conseguiu ir além, elogiando a atuação da mineradora, afirmando que “desde o início a empresa está engajada em mitigar ao máximo a dor e os problemas vividos pelos moradores da região”.

Diante do que leu, o senador Renan Calheiros (MDB) se pronunciou em rede social no domingo (28). “A dita tragédia de Maceió não existiu, João Batista só pode estar escarnecendo, zombando de toda uma cidade onde, graças à mineração criminosa da Braskem, 5 bairros foram afundados, destruídos e hoje são fantasmas. 55 mil pessoas foram expulsas, 148 mil afetadas, 6 mil pequenas empresas fecharam, milhares foram adoecidas e pelo menos 17 [que temos notícia] cometeram suicídio ao serem arrancadas de suas casas. Isso sem contar com os danos à mobilidade, meio-ambiente, habitação”, escreveu o senador.
Renan, que conseguiu instalar no Senado uma CPI para apurar responsabilidades da mineradora pelo caos socioambiental em Maceió, disse que “João Batista, mal pode falar pela empresa em que é CEO (a rede de varejo Marisa, que está mergulhada em uma severa crise) tenta engabelar milhões com a toada de uma Braskem heroína. Acaba reconhecendo que a empresa liderou os acordos. Uma óbvia admissão de que a empresa que causou o desastre, longe de ser responsabilizada, só foi coroada”.

Um deboche inaceitável para o povo alagoano, mas não uma novidade, foi a avaliação final de Calheiros sobre as declarações. “Nogueira só reproduz o cinismo da Braskem, escolhido como estratégia de publicidade e autopromoção para lucrar com o desastre socioambiental que causou e foi o maior do mundo em área urbana. Pior do que fracassar e não reconhecer a crise corporativa, é se orgulhar do desastre provocado! Uma indignidade com os alagoanos à qual repudiamos com todas as nossas forças”, finaliza.

GOVERNO LAMENTA

O governador Paulo Dantas (MDB), também falou sobre o assunto e lembrou do que ele chama de “acordo ilegal”, entre a Braskem e a Prefeitura de Maceió.
“Lamento profundamente a insensibilidade do conselheiro da Braskem João Paulo Nogueira Batista. O maior crime ambiental em área urbana do mundo provocou suicídios, mortes derivadas de depressão, divórcios, falências, doenças crônicas, arruinou famílias, empresas e causou prejuízos inestimáveis. O acordo ilegal da Braskem com a Prefeitura e a resistência em negociar devidamente com vítimas, prefeituras metropolitanas afetadas e Governo do Estado só provam que não há sinal de empatia com o maceioense. Há apenas uma tentativa de transformar um desastre em lucro futuro, passando por cima de histórias e de um Estado. As mortes às quais o conselheiro se refere existem, físicas e simbólicas, e negá-las só revela quão criminosa segue sendo a conduta da petroquímica com os alagoanos. Eles têm cúmplices, é verdade, mas o Estado não desistirá de buscar a justa indenização para todas as vítimas”, comentou.

Tribuna Hoje


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